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Nenhum crime contra Bolsonaro foi encontra até agora com base nas acusações de Moro, dizem investigadores

Até o momento não foi encontrado crime praticado pelo presidente Jair Bolsonaro no inquérito que apura se ele tentou interferir na Polícia Federal e a tendência é o procurador-geral da República, Augusto Aras, pedir o arquivamento do caso ao Supremo Tribunal Federal, de acordo com quatro investigadores envolvidos na investigação ouvidos pelo Estadão.

De acordo com as quatro fontes, não ressoa na cúpula da PGR a avaliação de que é devastador o vídeo da reunião de Bolsonaro com seu ministério. Um dos pontos destacados é que o acusador Sérgio Moro disse várias vezes não ter acusado Bolsonaro de comer crimes e que quem falou isso foi Augusto Aras, incluindo nas suspeitas Moro também.

“Moro é um poço de mágoas”, disse reservadamente um integrante da cúpula da PGR, ao avaliar que o caso tem muita “pirotecnia” para pouca substância.

Diz o Estadão:

Indicado ao cargo por Bolsonaro, o procurador-geral da República, a quem cabe apresentar ou não denúncia contra o presidente, vê com cautela o material apresentado até agora ao Supremo, segundo interlocutores [...].

Outro ponto destacado é que Moro, em depoimento, disse várias vezes não ter acusado Bolsonaro de cometer crimes. Segundo o ex-ministro, quem falou em crime foi Aras.  [...].

Quem conhece o ex-ministro afirma que ele tem ciência de que suas acusações não tinham aspecto criminal, mas um poder de fazer estragos políticos. Crime seria, observam os investigadores que têm essa visão do caso, se Moro tivesse afirmado que Bolsonaro exigiu acesso a um determinado inquérito sigiloso sob pena de demiti-lo, o que ele disse, em juízo, “nunca” ter ocorrido. No depoimento, o ex-juiz afirmou que caberia a Bolsonaro esclarecer a razão das pressões pelas trocas na PF.

Sede da Procuradoria-Geral da República.
'O procurador-geral da República não compactua com a utilização de investigações para servir, de forma oportunista, como palanque eleitoral precoce das eleições de 2022', escreveu. A posição de Aras foi interpretada por pessoas próximas à investigação como um recado a Moro. Ao pedir o levantamento do sigilo, a defesa do ex-juiz alegou que a íntegra do encontro permitiria verificar que Moro não apoiou as declarações públicas de Bolsonaro de 'minimizar a gravidade da pandemia', tema alheio ao objeto da investigação. Fontes que acompanham o caso avaliam que o ex-ministro tenta usar o inquérito como palanque político e para limpar a própria imagem.